19 abril 2024 - 7:05

Preços de grãos e exportações de carnes em alta, aponta Boletim Agropecuário da Epagri/Cepa

O Boletim Agropecuário de agosto está cheio de notícias positivas. Destaque para os bons preços pagos a produtores de milho, soja, trigo e arroz, e para a expansão na área de cultivo do milho silagem. As exportações de carnes também seguem em alta. Já a recuperação dos preços da banana reflete a redução de oferta, em decorrência dos eventos meteorológicos extremos que afetaram a produção. O documento é emitido todos os meses pelo Centro de Socioeconomia e Planejamento Agrícola da Epagri (Epagri/Cepa), com a análise das principais cadeias produtivas do Estado.

Milho

Em plena colheita da segunda safra de milho, o comportamento dos preços está contrariando uma tendência de retração, chegando à marca histórica de R$50,00/sc em 17 de agosto. Isso se deve ao dólar fortalecido, que mantém as exportações competitivas, e também à reação positiva da demanda em relação ao início da pandemia. Em julho, o preço médio ao produtor foi de R$44,00/sc.

Soja

Em julho, os preços da soja apresentaram os maiores valores da série desde 2014. No mês passado, os valores pagos aos produtores foram 3,64% maiores em comparação com junho. Nos últimos doze meses, a alta foi de 33,7%. Em agosto, a escalada de alta teve sequência. No dia 3 os produtores receberam R$103,00/sc, enquanto que no dia 17 esse valor subiu para R$117,00/sc, acompanhando a elevação do dólar. A valorização das commodities agrícolas está relacionada à maior demanda internacional pelos grãos, uma forma de garantir estoques e segurança alimentar.

Trigo

O mercado do trigo continua aquecido. Em Santa Catarina, a valorização chegou a 2,4% no preço pago ao produtor, passando de R$55,01 em junho para R$56,35 em julho. O plantio da safra 2020/21 alcança cerca de 98,96% e as lavouras vêm apresentando excelente desenvolvimento. Em todo o Estado, cerca de 7% da área plantada já alcançou a fase de florescimento. O clima seco e frio está favorecendo a cultura.

Arroz

Os preços do arroz em casca estão em alta, apesar da excelente safra catarinense, especialmente na região Sul do Estado. O mercado externo também segue aquecido, com aumento significativo das exportações estaduais.

Milho silagem

A área de cultivo do milho silagem tem apresentado um crescimento expressivo em Santa Catarina. Segundo a Epagri/Cepa, passou de 120.600ha em 2013/14 para 219.606ha em 2019/20. Cerca de 50% do cultivo de milho silagem se concentra nas regiões de Chapecó e São Miguel do Oeste.

Bovinos

Entre agosto de 2019 e 2020, o preço do boi gordo aumentou em 33,5%. A variação entre julho e agosto de 2020 foi de 4,1% na média estadual. Na análise da Epagri/Cepa, esses fortes movimentos de alta são decorrentes, principalmente, do bom fluxo das exportações brasileiras de carne bovina, que reduzem a disponibilidade do produto no mercado interno, e da baixa disponibilidade de animais prontos para abate.

Frango

Os preços do frango vivo em Santa Catarina em agosto aumentaram 0,6% em relação a julho e 14,8% na comparação com o mesmo mês do ano passado. As exportações vêm crescendo, mas ainda estão em patamares inferiores a 2019. Em julho, Santa Catarina exportou 83,51 mil toneladas de carne de frango (in natura e industrializada), crescimento de 16,4% em relação ao mês anterior, mas ainda 15,2% abaixo do registrado em julho de 2019. As receitas foram de US$ 122,53 milhões, alta de 24,5% em relação ao mês anterior, mas queda de 30,5% na comparação com julho de 2019.

De janeiro a julho deste ano, Santa Catarina exportou 578,42 mil toneladas de carne de frango, com faturamento de US$ 916,39 milhões, queda de 30,2% em quantidade e de 36,3% em valor na comparação com o mesmo período de 2019. O estado foi responsável por 25,6% das receitas geradas pelas exportações brasileiras de carne de frango este ano.

Suínos

Nas duas primeiras semanas de agosto, a média estadual do preço do suíno vivo apresentou aumento de 11,9% em relação ao mês anterior e de 30,1% na comparação com agosto de 2019. O principal fator responsável por essas variações é a elevada demanda internacional, principalmente por parte da China.

Em julho, Santa Catarina exportou 51,36 mil toneladas de carne suína (in natura, industrializada e miúdos), alta de 12,9% em relação ao mês anterior e de 41,5% na comparação com julho de 2019. O faturamento de junho foi de US$ 103,39 milhões, crescimento de 9,9% em relação ao mês anterior e de 33,2% na comparação com julho de 2019. Esses montantes representam o segundo melhor resultado mensal das exportações catarinenses de carne suína, ficando atrás apenas de maio passado.

De janeiro a julho de 2020, o estado exportou 295,19 mil toneladas de carne suína, com faturamento de US$ 649,27 milhões, alta de 23,8% em quantidade e 37,7% em valor quando comparado ao mesmo período de 2019. Santa Catarina foi responsável por 51,1% das receitas e 51,6% da quantidade de carne suína exportada pelo Brasil este ano.

Leite

Produtores de leite nas principais regiões produtoras do Estado estão recebendo valores recordes neste mês de agosto, com sinalização de novas altas para setembro. A queda na produção brasileira no primeiro semestre, especialmente nos meses de maio e junho, reduziu a oferta interna e contribuiu para as elevações dos preços dos lácteos e dos valores recebidos pelos produtores a partir de julho.

Banana

Os preços da banana no Norte do Estado tiveram recuperação em julho na comparação com junho, devido à passagem do ciclone extratropical, que afetou áreas em produção. No Sul Catarinense, a estiagem e a pandemia afetaram a demanda da fruta na região, mesmo com menor oferta no mercado. A tendência é a valorização dos preços nos próximos meses, com a redução na oferta da banana-prata.

No primeiro semestre de 2020, nas centrais de abastecimento, houve redução de 38% no volume comercializado de banana de origem catarinense. Os volumes médios, para o primeiro semestre, estão 36% abaixo da média dos últimos cinco anos.

A exportação catarinense de banana, no primeiro semestre de 2020, apresentou redução de 11,2% no valor negociado e diminuição de 7,1% no volume comercializado. Em julho, houve redução de 32,5% no valor negociado e diminuição de 19,1% na quantidade exportada por Santa Catarina.

A pandemia modificou o ritmo dos negócios no segundo trimestre e a estiagem reduziu a oferta no mercado, mas o comportamento dos preços está seguindo a tendência do ano anterior. A expectativa é que adequações e tratos culturais nos bananais possam melhorar a qualidade da fruta nos próximos meses, com valorização nos preços, uma vez que a oferta permanecerá baixa.

Alho

Em julho, o mercado foi surpreendido com a oscilação brusca para baixo dos preços do alho no mercado nacional, provocada pelo expressivo volume da hortaliça oriundo de Minas Gerais.

No mercado atacadista da CEAGESP, unidade do município de São Paulo, o alho roxo nobre nacional, classe 5, foi comercializado na primeira semana de julho a R$24,60/kg, fechando o mês com preço de R$15,00/kg, redução significativa de 39,02%. O alho classe 6, no mesmo período, passou de R$28,84/kg para R$18,69/Kg, redução de 35,19%, e o alho classe 7 fechou julho a R$20,69/kg, redução de 32,91% em relação ao início do mês.

Nos primeiros sete meses deste ano, o Brasil importou 125,34 mil toneladas do produto, enquanto no mesmo período do ano passado o volume importado foi de 106,91 mil toneladas, um crescimento 17,24%.

Cebola

Após o fechamento em alta da safra de cebola 2019/20, com preços ao produtor acima do custo de produção, as atenções do setor e da cadeia produtiva em Santa Catarina se voltam para a implantação da nova safra. Dentre os desafios, os efeitos da COVID19 e as restrições para as atividades que exigem “aglomeração” ou proximidade das pessoas, como o plantio, por exemplo.

O mercado se manteve aquecido durante todo o mês de julho, condição que ocorre desde março. A conjuntura de mercado favorável, com preços altos, levou muitos produtores de Minas Gerais e Goiás à colheita precoce dos bulbos, ainda “verdes”, com o objetivo de aproveitar os bons preços, apesar dos riscos de perdas pela incidência de doenças pós-colheita e consequente redução da qualidade do produto.

Fonte: Secretaria de Estado da Agricultura, da Pesca e Desenvolvimento Rural

 

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