18 abril 2024 - 5:13

Safra dos citros eleva atenção para proteção fitossanitária dos pomares catarinenses

Para manter a citricultura de Santa Catarina livre de pragas importantes que podem ameaçar os pomares, a Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina – Cidasc, através do Departamento Estadual de Defesa Sanitária Vegetal, investe forte em um trabalho estratégico e sistemático de monitoramento, vigilância, inspeção e fiscalização da produção e do comércio de plantas, partes de vegetais ou produtos de origem vegetal veiculadores de pragas, que possam colocar em risco o patrimônio agrícola e a condição sócio-econômica do Estado de Santa Catarina.

Mais de 95% dos citricultores catarinenses estão em pequenas propriedades, em regime de exploração familiar. As unidades produtivas são diversificadas, sendo a citricultura, na maioria dos casos, uma atividade secundária, complementadora da renda agrícola. Com área média explorada com citros inferior a 2 hectares, os produtores limitam-se ao cultivo de laranjas e tangerinas voltadas tanto para a indústria como para o consumo in natura.

Dentre os principais ameaças da agricultura catarinense estão o cancro cítrico, presente em grande parte dos pomares do estado e o HLB (greening) até então ausente em nosso território. Para o cancro cítrico o Estado de Santa Catarina é reconhecido como Área sob Sistema de Mitigação de Risco – SMR, que integra diferentes medidas de manejo de risco, pelo menos duas das quais atuam independentemente, e que, cumulativamente protegem contra a praga. Os produtores catarinenses que quiserem comercializar laranjas, limões, tangerinas e demais cítricos para os outros estados, devem seguir o SMR e atender as demais exigências para a certificação fitossanitária que é gerenciada pela Cidasc.

De acordo com a engenheira agrônoma e gestora da Divisão de Defesa Sanitária Vegetal da Cidasc, Fabiane do Santos, o cultivo de laranja requer atenção especial dos agricultores. “Nas décadas de 1970 e 1980, o cancro cítrico foi a grande dor de cabeça do citricultor, disseminado principalmente por mudas contaminadas.  Atualmente a principal doença que tem assombrado citricultores de outros estados é o HLB (Greening). Em Santa Catarina a Cidasc, por meio de um convênio com a Epagri faz o monitoramento do inseto vetor da bactéria causadora dessa doença, o psilídeo Diaphorina citri, são várias armadilhas tipo painel amarelo, espalhadas em diferentes regiões do estado, mas até o momento não houve captura do inseto infectado, nem a confirmação de plantas com sintomas de HLB.

A principal forma de evitar essas doenças é o plantio apenas de mudas certificadas, em Santa Catarina há viveiros de mudas cítricas localizados na região de Rio do Sul que são livres de todas essas doenças e pragas, e que apresentam mudas devidamente certificadas pelo Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA), além de terem a produção constantemente inspecionada pela Cidasc. “O produtor sempre deve procurar orientação profissional para definir as melhores práticas na condução do pomar e informar a Cidasc na suspeita de qualquer nova praga ou doença, para que assim possa ser controlada e não causar problemas futuros para a comercialização e produção desses frutos, destaca” Fabiane.”

Os engenheiros agrônomos da Cidasc realizam constantemente ações por todo o Estado para coibir o ingresso de citros nos supermercados e centros de distribuição provenientes de outros estados com a presença de pragas quarentenárias, como cancro cítrico e HLB. Detectada a suspeita, amostras são encaminhadas para laboratório de diagnose, e confirmada a presença de alguma praga quarentenária é feita a notificação ao Órgão estadual de defesa sanitária vegetal da origem dessas frutas para que as medidas cabíveis sejam tomadas.

HLB (Greening)

O Greening ou Huanglongbing (HLB), tem como agentes causais as bactérias, Candidatus Liberibacter asiaticus e Candidatus Liberibacter americanus e o psilídeo Diaphorina citri como inseto vetor no Brasil. Os sintomas característicos são: Clorose, que começa em geral, por um ramo com folhas amareladas ao longo das nervuras, com manchas irregulares, que mesclam o verde mais claro e  amarelo com o verde predominante das plantas. Nos frutos, os sintomas se caracterizam por formatos desuniformes, tamanhos pequenos, baixos teores de açúcares. A maturação dos frutos tem início pela região peduncular, quando o normal seria pela região distal.  Internamente, percebe-se sementes pequenas e abortadas e a assimetria da polpa. É uma praga quarentenária presente  nos estados de São Paulo, Minas Gerais e Paraná.

Cancro Cítrico

O cancro cítrico é uma doença causada pela bactéria Xanthomonas citri subsp. citri que ataca folhas, frutos e ramos. Os prejuízos ocorrem com a diminuição da produção e qualidade dos frutos, problemas de comercialização e contaminação de áreas que podem levar à interdição de propriedades e erradicação dos pomares.

Os sintomas podem ser percebidos nas folhas através de lesões coincidentes nos dois lados e com anéis amarelados ao redor. Nos ramos, as lesões são salientes, corticosas e pardas, formando crostas que podem, com o tempo, cobrir uma grande superfície. Nos frutos, as lesões são salientes, corticosas e profundas causando crostas, aparecendo em frutos jovens e evoluindo à medida que os frutos se desenvolvem.

A bactéria causadora do cancro cítrico é disseminada pela água da chuva e irrigação, ventos, frutos, mudas, partes de plantas contaminadas, caixarias, veículos, implementos, utensílios e pelo próprio homem. Ela penetra através de ferimentos, aberturas naturais e danos causados pela larva minadora da folha dos citros.

Doença dos Cítrus

Arte: Ascom/Cidasc

Sistema de Mitigação de Risco para cancro cítrico

O Sistema de Mitigação de Risco estabelece a aplicação de medidas de manejo no decorrer de todo o ciclo produtivo buscando diminuir o risco de produção e comercialização de frutos com a incidência da praga Cancro Cítrico. Fazem parte do SMR as seguintes etapas:

I – cadastro de imóveis de produção de cítricos;

II – inscrição de Unidades de Produção – UP;

III – inscrição de Unidades de Consolidação – UC;

IV – aplicação de medidas de manejo durante todo o ciclo de cultivo;

V – habilitação da UP, mediante inspeção prévia, para colheita;

VI – emissão do Certificado Fitossanitário de Origem – CFO;

VII – inspeção de frutos nas UP e UC; e

VIII – tratamento higienizante de frutos pós-colheita.

Na prática, o SMR permite ao citricultor, desde que obedeça rigorosamente às medidas estabelecidas, a produção e comercialização de frutos oriundos de áreas com ocorrência de cancro cítrico.


Fonte: Assessoria de Comunicação – Cidasc

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