Lauro Müller recebeu, nesta quarta-feira (08/10), o Projeto Escola Restaurativa, que reuniu professores, estudantes e representantes da rede de proteção do Estado e do Município para momentos de escuta e diálogo. Os participantes vivenciaram a metodologia dos Círculos de Construção de Paz, ferramenta da Justiça Restaurativa, fortalecendo o sentimento de pertencimento e corresponsabilidade na construção de um ambiente escolar acolhedor e empático.
A ação em Lauro Müller marca a primeira fase de implementação local, dedicada à sensibilização da comunidade escolar por meio dos Círculos de Construção de Paz, com o objetivo de apresentar a Justiça Restaurativa como abordagem para prevenir e transformar conflitos no cotidiano educacional, acontecendo simultaneamente na Escola Municipal Hilário Pescador e na Escola Estadual Visconde de Taunay.
O projeto foi viabilizado pelo Ministério Público de Santa Catarina (MPSC), por intermédio do Núcleo Permanente de Incentivo à Autocomposição (NUPIA) e da Promotoria de Justiça da Comarca de Lauro Müller, e se soma a outras experiências já realizadas em municípios catarinenses, com foco na disseminação das práticas restaurativas como alternativas aos conflitos escolares.
Promotora de Justiça de Lauro Müller, Larissa Zomer Loli, solicitou ao NUPIA que o projeto fosse para a Comarca e, ao final das dinâmicas, reforçou que o dia tinha sido muito sonhado e planejado. “Tenho certeza de que todos que tiveram a oportunidade de participar dos círculos que foram realizados hoje, saíram daqui com uma pontinha de esperança. Saíram daqui com o coração um pouco mais leve. Saíram daqui com sensação de pertencimento, de gratidão”, afirmou.
O Coordenador do NUPIA, Promotor de Justiça Marco Aurélio Morosini, esteve na escola e reforçou que o papel do Ministério Público não é ser apenas uma Instituição que venha para “cobrar e punir”, que é o que está na Constituição, mas também “é nosso papel trazer momentos como este: de aproximação, acolhimento. O projeto da Escola Restaurativa sempre tem uma grande repercussão e uma resposta muito positiva por onde passa. O MP catarinense estará sempre à disposição para seguir e evoluir com o projeto nesta Comarca”, garantiu.
Luan Varnier, Coordenador Regional de Educação, lembrou como é importante a união da escola, município e MPSC para tratar de temas tão importantes. “É um momento muito especial, só temos que agradecer por vermos o brilho nos olhos daqueles participantes”, disse. “E, com certeza, é um projeto que deve ter continuidade, que é isso que a gente espera, porque o objetivo é sensibilizar e dar continuidade”, finalizou.
A Diretora da Escola Estadual Visconde de Taunay, Mariluce Oliveira Rodrigues, afirmou que receber o projeto foi uma grande oportunidade de levar os alunos a se reconectarem com eles mesmos. “E eu acredito que após esse projeto, a gente consiga replicá-lo e dar sequência, pois é importante para os alunos, professores e toda a escola”.
A Diretora da Escola Municipal Hilário Pescador, Fabiana da Silva Spindola, afirmou que foi muito positivo receber o projeto. “Sou muito grata pelo dia que tivemos. Esperamos colher bons frutos e que esse projeto seja espalhado por mais escolas possíveis”.
A ação integra a política institucional do MPSC e está alinhada à Resolução nº 225/2016 do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), que reconhece a Justiça Restaurativa como política pública nacional. O objetivo é desenvolver habilidades socioemocionais e fortalecer a convivência respeitosa, empática e colaborativa.
Entre 2022 e 2025, o Projeto Escola Restaurativa alcançou 20 municípios e 24 escolas das redes municipal e estadual, consolidando a expansão da metodologia como alternativa restaurativa aos conflitos escolares e ampliando a articulação com secretarias de educação, equipes gestoras e rede de proteção.
A iniciativa faz parte das ações desenvolvidas pelo Grupo Gestor de Justiça Restaurativa de Santa Catarina (GGJR-SC), instituído pelo Convênio nº 117/2024. O MPSC, por meio do NUPIA, coordena a execução do projeto, que se fundamenta nos princípios da Justiça Restaurativa e na metodologia dos Círculos de Construção de Paz para enfrentar situações de violência e fortalecer vínculos nas comunidades escolares.
Comunidade elogia a iniciativa
O prefeito Valdir Fontanella destacou que por meio do diálogo é que buscamos as soluções para os problemas. “Acreditamos que só o diálogo é a ferramenta melhor que podemos ter para que nós possamos seguir a nossa vida, a vida do nosso vizinho, a vida das pessoas que nos rodeiam. Precisamos fazer com que as nossas pessoas não sejam simplesmente mais um, mas que sejam cidadãos de respeito e de admiração pelas pessoas por onde passam”, disse.
Representando os pais, Paloma Crotch participou das atividades e gostou da experiência. “É desafiador porque a gente tem que olhar para nós mesmos e é uma coisa que a gente não faz no dia a dia. Vivemos muito acelerados. Então, a gente participar de um círculo, onde a gente olha para nós mesmos, é bem desafiador, mas muito gratificante”.
A coordenadora da Educação Especial do município de Lauro Müller, Rosana Martinho, disse que gostou da experiência. “Eu trabalho com a educação especial, onde a gente tem que se colocar no lugar do outro para começar a entender melhor as nossas crianças. Foi maravilhoso”.
Para a assistente social Edna Meira Fernandes Duarte, o momento foi restaurador. “Então, só quero agradecer esse momento que a gente teve, para mim foi muito especial”.
“Quando a gente percebeu que o projeto viria para somar junto com os nossos alunos, a gente se sentiu muito satisfeita. Porque a gente, também como vocês, quer uma escola acolhedora e segura para os nossos estudantes”, afirmou Marlize Spricigo, Secretária da Escola Hilário Pescador.
