30 outubro 2025 - 2:11
- Anúncio -

Aplausos: Depois do Surto

Estreia de uma psicóloga cansada, mas não vencida, que descobre que escrever também é ato de resistência.

Trabalho na Assistência Social de Braço do Norte desde 2017. Encaro sofrimento humano desde antes disso e descobri que o meu também merecia crachá — ou, pelo menos, uma crônica.
Entre relatórios, atendimentos e tentativas de consertar o mundo com ofícios que ninguém lê (ou finge não ler), percebi que escrever é meu jeito de não explodir em público e não parar num hospício. Ou melhor: é o meu surto funcional.

Nos últimos anos, decidi respirar outros ares. Não porque o velho ar acabou, mas porque respirar o mesmo todos os dias cansa até os pulmões da alma.
Dizem que é tarde pra mudar de profissão.
Tarde pra estudar outra coisa.
Tarde pra começar de novo.
Mas ninguém avisa que, às vezes, continuar no mesmo lugar é o jeito mais rápido de morrer acordado.

Já ouvi de muita gente que eu devia me aperfeiçoar no que “me formei”, fazer mais cursos, mais horas, mais especializações — como se empilhar certificados fosse sinônimo de sentido.
Quem foi que decretou que o caminho da vida precisa ter grade curricular e diploma pendurado na parede? Desde quando ser feliz precisa de assinatura reconhecida em cartório?
Tem gente que segue o roteiro que a sociedade escreveu — e tudo bem. Mas há quem prefira improvisar, mesmo que o improviso dê medo e o microfone falhe.

A vida é uma peça mal ensaiada. A gente esquece falas, pisa no fio, leva vaia e tropeça no cenário. Mesmo assim, prefiro estar no palco, tentando, do que assistir à minha própria história da plateia, comendo pipoca fria.
Porque no final, quando as luzes se apagam, não tem aplauso automático — só o eco do que a gente escolheu viver (ou não viver).

Então, cá estou eu: sua nova colunista.
Buscando fôlego entre um colapso e outro, rindo dos tropeços e tentando provar que ainda dá tempo — sempre dá tempo.
A vida, afinal, é uma peça em cartaz por tempo limitado pra esperar o “momento certo”.
E agora, bem… agora vocês vão ter que me aturar.

Sarah Bruning Ascari: atua como psicóloga nas horas pagas desde 2013 (ou 2014, mas já perdeu a noção do tempo entre um surto e outro). Tem na bagagem uma especialização no SUAS e crises existenciais desde o estágio. Servidora efetiva da Prefeitura de Braço do Norte desde 2017,  escritora nas madrugadas insones e, agora, colunista por acidente (ou karma) e roqueira em tempo integral.
Acredita que o humor é a última ferramenta terapêutica antes do colapso — e que escrever é uma forma honesta de não enlouquecer em silêncio.

Colaboração: Sarah Bruning Ascari

📩 Contato: sahbruning@gmail.com
Aceito propostas, críticas construtivas e cafés. Só não vale pirâmide financeira e spam (a não ser que venham com boletos pagos).

- Anúncio -
-Anúncio-
-Anúncio-
-Anúncio-