5 dezembro 2025 - 7:09
- Anúncio -

O MÊS DO APOCALIPSE ZUMBI

(Ou o mês em que todo mundo se arrasta)

Em dezembro o país inteiro cai pra 7% de bateria emocional.
Não é aquele 7% otimista, que aguenta meia hora de uso.
É o 7% desesperado, que some assim que tu respira mais fundo.
Os corredores dos trabalhos ficam parecendo cenário de apocalipse barato:
gente andando devagar, olhar perdido, café na mão como se fosse soro
fisiológico.
A elegância foi demitida em setembro.
Em dezembro só sobra a função básica: não tombar.
Os rostos carregam olheiras em terceira dimensão.
A energia vital já não vem de motivação, propósito ou qualquer palavra que
coach ama.
Em dezembro, a alma funciona à base de teimosia e daquela mentira
confortável:
“Falta pouco pro feriado.”
Mentira!
Claramente não falta pouco.
Mas se tu tirar essa frase do calendário, metade da população deita e não
levanta mais.
A rotina vira uma maratona involuntária:
tu acorda cansado, trabalha cansado, volta pra casa cansado e dorme…
cansado.
Não existe mais “disposição”.
Só existem graus diferentes de exaustão.
E, no meio disso, ainda tem os incêndios pra apagar:
problema que aparece no trabalho, drama alheio, crise familiar, sistema que cai,
prazo que reaparece.
Onze meses agindo como bombeiro emocional, apagando fogo com a cara e
remendando o humor com fita crepe.
Não é que as pessoas perderam o “brilho nos olhos”.

Elas só estão ocupadas demais tentando não cometer um crime em horário
comercial.
Dezembro transforma todo mundo no elenco de The Walking Dead de baixo
orçamento:
passos arrastados, ombros caídos, raciocínio lento, um cansaço tão profundo
que atravessa os ossos — e com aquele impulso primário de morder alguém.
Ser produtivo nessa altura do campeonato é quase um desrespeito ético.
E aí entra a parte que ninguém gosta de admitir:
não é fraqueza.
Não é falta de foco.
É só o corpo gritando o que a mente tenta esconder desde junho:
“Eu não aguento mais.”
Em dezembro, ninguém está bem.
E tudo bem.
Fim de ano não é teste de performance.
É linha de chegada cambaleante.
Se tu tá vindo aos trancos e barrancos, meio torta, meio derrotada, mas vindo…
missão cumprida.

Por Sarah Bruning Ascari – Psicóloga em crise existencial, colunista por
teimosia e especialista em dizer verdades que muita gente não tá preparada pra
ouvir.
Contato: sahbruning@gmail.com
Aceito propostas, críticas construtivas e debates civilizados.
Só não aceito pirâmide financeira, corrente de oração, spam e coach.
(Já tentei pensar positivo. Não funcionou.)

- Anúncio -
-Anúncio-
-Anúncio-
-Anúncio-

Natal 2025