23 outubro 2025 - 7:17

Safra de mandioca encerra com crescimento estimado em 20% no Sul de Santa Catarina

Números reforçam o protagonismo da agricultura familiar no desenvolvimento econômico e social da região

A safra de mandioca 2025 encerrou com resultados positivos no Sul de Santa Catarina. O ciclo registrou um crescimento de aproximadamente 20% na produção de raízes em comparação ao ano anterior, refletindo um cenário de produtividade mais eficiente e um desempenho otimista para toda a cadeia da mandioca no Estado.

De acordo com Cloudo Rocha, diretor comercial da Rocha Alimentos (maior beneficiadora de mandioca de Santa Catarina), o aumento se deve, principalmente, ao ganho de produtividade nas lavouras. “A base de fornecedores se manteve praticamente estável, o que mostra que o produtor conseguiu colher mais na mesma área plantada”, destaca.

O avanço sinaliza um amadurecimento técnico das pequenas propriedades rurais, que compõem a maior parte da cadeia produtiva. Hoje, cerca de 400 famílias agricultoras integram o sistema de fornecimento da Rocha, reforçando o papel da agricultura familiar como motor econômico e social da região. “Outro ponto que merece destaque é o comportamento dos preços. Mesmo com o aumento da oferta, os valores médios praticados permaneceram estáveis em relação ao ano passado, garantindo rentabilidade ao produtor e previsibilidade ao mercado”, avalia Cloudo.

No aspecto industrial, o rendimento da raiz manteve-se equivalente ao ciclo anterior, com tendência de melhora. “A produtividade do amido ainda está abaixo da média de outros estados, mas tem evoluído. O importante é que estamos em um caminho de crescimento sustentável”, avalia ele.

Uma lavoura tradicional na região

A mandioca é uma lavoura enraizada na cultura do Sul catarinense, sendo base de renda, segurança alimentar e identidade para muitas comunidades rurais. Desde os primeiros registros de ocupação, ela se mostrou uma planta adaptada ao solo e ao clima da região.

Segundo Lilian dos Santos, extensionista da Epagri, a história da raiz em Santa Catarina remonta aos tempos dos povos indígenas e ganhou força com a chegada dos açorianos. “Quando os açorianos se estabeleceram no litoral, começaram a adaptar receitas trazidas da Europa, antes feitas com trigo, para a mandioca, já que o trigo não produzia bem aqui. E a mandioca, por outro lado, se desenvolveu de forma excelente no nosso solo e clima”, explica.

Ela relembra que, por muitos anos, cada família mantinha seu próprio engenho de farinha, que era a base da economia local. “Produziam para consumo e, às vezes, vendiam o excedente. A base da alimentação vinha dali, da farinha e da mandioca. Pratos típicos como a bijajica, a rosca, o mané-pança e a broa nasceram dessa tradição que moldou nossa culinária regional”, conta Lilian.

Com o passar das décadas, os engenhos foram diminuindo em número, mas o legado cultural permanece vivo nas comunidades. “Muitos desses pratos tradicionais acabam se perdendo com o tempo, porque hoje é mais difícil até encontrar a massa de mandioca para fazer certas receitas. Por isso, é importante resgatar e valorizar essa cultura alimentar, que é tão nossa”, completa.

Colaboração: Izi Comunicação

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