12 julho 2025 - 1:01

O que esperar do Brasil na COP 11

Parlamentares e representantes do setor produtivo do tabaco se reuniram em Brasília para cobrar postura do governo federal sobre evento que será realizado em Genebra, no mês de novembro.

Um grande número de parlamentares e representantes do executivo de municípios produtores de tabaco, bem como de entidades da cadeia produtiva da Região Sul, reuniram-se na Câmara dos Deputados nesta quarta-feira, 09 de julho, em Brasília, para discutir a posição que o Brasil levará para a 11ª Conferência das Partes (COP 11) da Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco (CQCT), que acontece de 17 a 22 de novembro, em Genebra.

A audiência pública foi realizada pela Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural, em resposta a requerimentos de autoria dos deputados federais Rafael Pezenti (SC) e Heitor Schuch (RS). Os participantes foram unânimes quanto à importância econômica e social do setor do tabaco e reclamaram da falta de transparência, diálogo e acesso à conferência, financiada por dinheiro público. Ao longo dos anos, tanto os representantes eleitos, quanto entidades representativas dos produtores e a própria imprensa tiveram acesso negado às sessões.

Preocupa ao grupo que diretrizes adotadas durante a COP possam trazer consequências negativas para toda a cadeia produtiva no Brasil. Medidas que visam reduzir área plantada e substituir o tabaco por alimentos foi uma das pautas da edição anterior, a COP 10, realizada no Panamá.

O que esperar do Brasil na COP 11
Foto: SindiTabaco/Divulgação

Valmor Thesing, presidente do SindiTabaco, destacou como o Brasil tem colocado em xeque sua liderança mundial. “Hoje, o Brasil é o segundo maior produtor de tabaco e o maior exportador. Neste ano, temos a expectativa de superar os 3 bilhões de dólares. Aqueles que se posicionam contra o nosso setor sempre dizem que é preciso substituir a cultura do tabaco, porque ‘amanhã não haverá mercado, como antes’. Mas essa previsão não está se concretizando. O mercado segue estável e observamos a África e a Ásia assumindo a dianteira da produção e por quê? Porque, nesses países, o governo apoia a cultura: financia, subsidia e cria infraestrutura para aumentar a produção. Existe uma demanda global real. E nós aqui, presos a uma discussão ideológica que não faz sentido, ” argumentou Thesing.

O deputado Heitor Schuch propôs deliberar, de forma oficial, que o governo federal não participe da 11ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco (COP11), em Genebra. “Que a delegação brasileira fique em casa, chega de gastar dinheiro público. Chega de investir recursos para prejudicar uma atividade econômica que gera bilhões e bilhões de reais, inclusive em arrecadação para os cofres públicos”, sugeriu. Ele fez uma segunda proposta de encaminhamento: “Que se faça uma regulamentação urgente dos DEFs, para que se conheça a origem dos produtos, sua procedência, e que se penalize com rigor quem estiver envolvido com o contrabando e com o crime, como está acontecendo hoje”, propôs Schuch.

Sem consenso durante a COP 10, os DEFs (dispositivos eletrônicos de fumar) devem ser novamente pauta durante a COP 11. Enquanto países desenvolvidos regulamentam o uso dos DEFs, no Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) mantém a proibição desde 2009. Ainda assim, o consumo dos novos produtos – de origem ilegal – aumentou significativamente nos últimos anos, passando de 500 mil consumidores, em 2018, para 3 milhões em 2023 (Ipec).

“O tabaco brasileiro é reconhecido por mais de 100 países e estamos deixando de aproveitar essa vantagem. Um novo mercado, dos novos dispositivos, já é realidade e poderíamos estar gerando mais renda para os produtores, mais empregos na indústria, mais investimentos nas fábricas, mais arrecadação de impostos”, comentou Valmor Thesing, presidente do SindiTabaco, sobre a falta de regulamentação dos DEFs.

Representantes do MAPA, do MRE e do MDA manifestaram o que ainda não há uma posição oficial do governo para a COP 11, mas que ela deve ser construída a partir de uma sessão aberta a todos os interessados, prevista para o dia 02 de setembro.

Por Eliana Stülp Kroth / SindiTabaco

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